sábado, 3 de janeiro de 2015

II


Dias atarraxados e secos.
Duas peças seladas por sangue oxidado.
Mais forte que qualquer ferrugem,
Qualquer tinta.

São estes os dias que nos levam 
Até o teu primeiro fôlego.
Quando hás de te afogar na imensidão do ar.
Que tanto parece não existir.

Será preciso muita água.
Muitos fluídos
Para que te descoles de mim.
Uma avalanche que me partirá ao meio
E te extrairá como fruto macio de uma casca dura.

Haverá dor, porque sempre há.
Haverá dor em mim e em ti.
Haverá uma tênue linha entre vida e morte
E nela eu e tu nos entenderemos, cambaleantes.

Nos olharemos e saberemos quem somos.
E um pouco da tua agonia me fará feliz.
Quando gaspeares a atmosfera pela primeira vez
E gritares pela dor que te causará,
Eu tambem gritarei.

Por ora, seguimos atarraxados,
Não prometo mais que isso...