terça-feira, 22 de abril de 2014

Na noite espessa da tua inexistência,
Eu não podia respirar.
Estava petrificada,
Esporulada,
Aguardando tua vinda.

Foi quando
Tu saístes
do mundo das idéias,
E com cliques frenéticos,
Viestes habitar a minha barriga
Que eu pude acordar desse sono tenebroso.
E como quem sai das águas afogado,
Respirei cheia de ânsia.

Agora,
Vens usar minha carne para tecer os teus cabelos,
Escolher com lascívia, das tintas do meus genes, as cores das tuas íris.
Pintar com detalhes, pintas na tua pele
E esconder os meus segredos debaixo dela.

Já não sou outra,
A não ser terra macia.

O Tanto de mim, que precisares,
Para ser um broto firme,
Árvore frondosa.
Podes levar, podes comer...





quinta-feira, 17 de abril de 2014

Ninguém



Ninguém suporta um mal humorado

Ninguém aguenta quem muito reclama

Ninguém gosta de quem fala demais

Ninguém quer uma mulher fácil

Ninguém ama um assassino


Ninguém, é um tipo de deus
Excede em benevolência a qualquer outro.




Puta

Uma puta, com as pernas abertas,
Feito uma mariposa enorme,
Pousou numa roseira enquanto eu dormia.

A puta ensanguentada,
Só sabia que era puta pela cara.
Nem pelo sexo escancarado,
Nem pelo cabelo-Madalena,
Nem por outra coisa.

Era puta por causa daqueles olhos
E tive certeza sem perguntar.

Ela balançou na roseira,
Mariposa safada
Grunhiu:

Nada presta de ti, mulher coxinha.
Hipocrisia Maria,
Tu me desejas mais que os machos.
Queres ser a minha carne
E me cospe na cara.

Nada presta de ti,
Mulher azeda.
Senhora de véu
Com a boceta acesa.

Nada presta de ti...

Caiu empalada na roseira
E morreu dando risada

Morreu dando risada,
Aquela puta.