sábado, 23 de novembro de 2013

APONTAMENTOS
- Levar o lixo para fora;
- Ir ao supermercado;
- Lembrar de discutir o projeto amanhã sem falta;
- Levar o cachorro para passear;
- Marcar com o dentista;
- Passar na lavanderia;
- Ligar para a gerente do banco;
- Organizar o armário...
Acho que é isso.
Ah, já ia esquecendo:
- Ser feliz.

Fabiana
São Paulo, 24/11/2013.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Sobre o ódio

Chutar a quina da mesa ( duas vezes, mesmo dedo), horas no trânsito sem perspectiva alguma de movimento.
Lembrar quietinha de tormentos antigos, carrancas persistentes na memória.
Ver algo extremamente errado se repetir por mil vezes à minha frente.
Ofender com uma piada.
Ignorar um pedido de ajuda.
Saber que há algo injusto no que deu errado com meus planos.
Saber que há algo justo no que deu errado com meus planos...

Sinto-me salobra. Mais salgada que a água de rio, mais doce que água de mar.
Tanto ódio nas minhas palavras, gestos, desejos, dores.
Ódio com destino certo e errático.
Ódio-oco, oroborus.

Mesmo toda desejosa de Ser amor, transbordo paradoxos odiosos.

Quisera
Ser amor ao tocar uma mulher que gesta, uma criança que nasce.
Ainda mais amor ao tomar um ônibus para o trabalho e deixar parado o carro.
Ser amor ao responder com afeto a quem não julgo necessário.
Ser amor, ao dizer que não aprecio algo.
Não dizer mais: "Eu odeio tal coisa, música, lugar, comida..."
Preencher-me de amor próprio.

Calar o buraco da alma com mil formas de amor.
Deixar que o amor cresça como uma erva trepadeira,
como coral num recife.
Ser assim tanto afeto, tanta devoção,
que me julguem louca,
embotada.
Que não me queiram.
Que não me amem,
até que me odeiem.

Amar o calor excessivo e o frio cortante,
a solidão e a longa cantoria.
Amar o Predileto até que eu não seja necessária,
que ele não seja necessário.
Até que eu cumpra
todas as horas terrestres.


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

FRUSTRADA

Sabe aquele dia em que você se pergunta várias vezes por que saiu da cama? Aquele dia em que o trânsito está caótico e você demora 3 horas para um trajeto que demora 20 minutos.
Aquele dia em que o cara que está apenas um cargo acima de você resolve agir como se fosse o dono de tudo e começa a te dar ordens e esporros. Para piorar, você não pode retrucar porque parte do seu melhor projeto depende dele também.
Aquele dia em que o seu chefe chega de mau humor, dá mil ordens e volta quando está tudo pronto falando que está tudo errado e refazer tudo de modo oposto.
Aquele dia em que seu cachorro não te reconhece à noite e rosna para você.
Aquele dia que sua meia calça puxa o fio assim que você chega ao seu destino.
Aquele dia que a sua mulher arruma encrenca porque você atrasou 15 minutos tomando uma cerveja com os amigos.
Aquele dia em que chega a fatura do cartão de crédito.
Aquele dia  em que a sua única saída é pensar que, felizmente, o dia só tem 24 horas e acaba.
 
Fabiana

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Sobre o dia

Cachorros felpudos, fotos de homens sem camisa exibindo hipertrofiados músculos dos quais, por incrível que pareça, me lembro bem dos nomes e inserções. E uma mulher com um dialeto engraçado e muito sarcasmo comentando as roupas de alguma pseudo-celebridade. Uma dúzia de propagandas nada geniais.
Um tanto do mesmo de sempre. E, a possibilidade de unsubscribe, ou melhor, desativar, tão convidativa mas tanto ignorada, que assim parece que vamos passar semanas e meses sem progresso.
A primeira coisa que fiz questão de me lembrar é que não sou imune a inutilidades. Antes, sou atraída por elas.
Aparecem como pop ups, elos de uma corrente viciante de desinformação, de algo inútil para outro e terrivelmente interessante em sua inutilidade.


Meu celular é uma maquininha demoníaca de gerar angústia...

Sobre os chatos

Certas pessoas não toleram pontas soltas, opiniões diversas, cores opostas.
E, oh, deus, como são chatas! Cartesianas e chatas!
Que raios vou fazer com tua "lógica" e opinião que não me servem?
Por que me enfiar guela a baixo?
E se eu aceitar? Tu fica feliz?
Deixa de ser inferno pro mundo e vai dar uma volta no parque...
Ou escrever uma poesia!